segunda-feira, fevereiro 20, 2006

MUNDOS QUASE INACESSÍVEIS

Quando comecei a visitar tipografias em Lisboa percebi que as coisas corriam bem até ao momento em que eu me mostrava interessada em 'pôr a mão na massa'. Até aí, só simpatia e disponibilidade para falar das máquinas, dos tipos, dos modos de trabalhar; a partir daí, havia sempre alguma hesitação no modo de falar. Na altura, pensei que isso se devia ao medo da concorrência, e tratei sempre de explicar que a minha intenção era aprender, não era montar uma casa de impressão comercial. Mais tarde comecei a desconfiar que o problema se devia ao facto de eu ser uma mulher e confirmei a desconfiança quando li Oficinas e Tipógrafos - cultura e quotidianos de trabalho, de Susana Durão (Publicações D. Quixote, 2003). Ainda assim, nem tudo têm sido dificuldades e há quem vá ensinando algumas técnicas com a vontade típica de quem gosta do que faz e não quer que o ofício se perca.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Acredito que sofras esse problema na pele. Já a mim, as poucas experiências que tive desse género (e acho que no meu caso o problema é sobretudo o cabelo), deram sempre para o torto (tb não experimentei muito, verdade seja dita): da primeira vez, fui oferecer-me como aprendiz e responderam-me O último que cá esteve estragou uma máquina – não, obrigado; e o outro, ao qual perguntei qualquer coisa sobre componedores, deu-me ali uma ensaboadela de três horas sobre o Durão Barroso :) Admito que aprendi alguns palavrões novos, nesse dia; ainda a uso, por sinal. *

12:44 da manhã  
Blogger Sara Figueiredo Costa said...

Apesar de tudo, tem sido divertido... E tenho tido, depois de muita persistência, alguma sorte com as pessoas que tenho encontrado; depois de se sqeucerem que não era nada habitual haver mulheres na composição manual (para não dizer que não havia de todo!), há quem se disponibilize a ensinar-me algumas coisas. Acho que o facto de eu dominar uma parte do léxico e da gíria (tenho andado a estudar!) ajuda muito.

2:14 da tarde  

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